texto. A saudade é irônica, e logo, isso ficará claro. Não sou noveleiro, mas não tenho nada contra quem o é.
A novela global que se encerrou recentemente tinha de tudo um pouco, misturava futebol com vingança num ambiente exclusivamente suburbano. Talvez por isso tenha dado tão certo, do ponto de vista de repercussão e audiência.
Mas, por que então, os revoltados líderes evangélicos e “ativistas gospel” não criaram boicotes à novela nas redes sociais? Por que os tímidos protestos que foram registrados contra Avenida Brasil se deram apenas em relação à personagem supostamente evangélica? Vale lembrar que os protestos não eram contra existir um personagem evangélico na trama (os santarrões deveriam exigir que não se fizesse alusão ao “mundo santo” em algo tão “profano”), e sim, porque essa personagem se vestia mal, no conceito estético da maioria.
As saudades que tenho (será?) de Avenida Brasil ocorrem porque pelo menos enquanto ela estava no ar, o povo evangélico não se portou de maneira tão incoerente, e não se deu ao trabalho de servir de massa de manobra por interesses comerciais de ricos bispos e pastores. Ou será que alguém tem dúvidas de que esse fuzuê todo contra a polêmica Salve Jorge não tem a ver com a luta da TV Record para se aproximar da Globo em audiência?
Em meio à tudo isso, será que ninguém parou para observar que as pessoas que acusaram a nova novela global de ser consagrada a Ogum são as mesmas que “entrevistam” demônios durante cultos para acusar os “concorrentes” no “mercado gospel” de serem do diabo?
Aliás, o proprietário da TV Record, Edir Macedo, é expert em assuntos ligados a demônios, consagrações malignas, exorcismos, etc. Agora, me pergunto: será que não passou pela cabeça desse povo “entrevistar” um demônio dedo-duro, que entregasse o pacto da autora de Salve Jorge com o chifrudo, em busca de audiência e sucesso? Se não pensaram, já me arrependo de ter dado ideia…
A reprise da minissérie Rei Davi, junto com o boicote iniciado pelo Exército Universal são tentativas claras de tentar minar um produto (sim, novelas são produtos) da concorrência. Porém, os próprios evangélicos que se sentem órfãos de Carminha, Tufão e Cia. não aderiram, fazendo a audiência de Salve Jorge se manter em crescimento durante a primeira semana de exibição…
Pois é! Minhas saudades de Avenida Brasil são por esses motivos: a crentaiada assistia, comentava as maldades de um com o outro na novela, não fingia que o assunto não era a Carminha e suas maracutaias, e também não “demonizava” nada, mesmo que não houvesse nada enriquecedor para o espírito entre os assuntos abordados lá.
Vai entender a cabeça dos evangélicos… Ou melhor, vai saber quais são os interesses dos líderes que manipulam essa galera. O mesmo povo que assiste, é o povo que protesta de mentirinha nas redes sociais e depois assiste o Festival Promessas aos gritos de aleluia e glória a Deus.
Independentemente de tudo isso, o que interessa pelo menos a mim, é que minha fé e relacionamento com Deus não vão e não devem ser abalados por uma novela. E se for verdade que a Globo consagra isso ou aquilo pra esse ou para aquele, azar o dela. O que eu assisto, ficção ou realidade, não deve nunca ser capaz de mudar o que eu penso e creio. É assim que toco a vida!
Um grande abraço, Graça e Paz a todos!
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