domingo, 27 de maio de 2012

Silêncio







“Para tudo há uma ocasião certa; 
há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu:
Tempo de calar e tempo de falar.” (Ec 3:7).
Uma das coisas mais sábias da vida é reconhecer que a interpretação das coisas é tãosubjetiva que, antes de dizer que algo é isto ou aquilo, devemos refletir se o que entendemos é realmente aquilo que a pessoa quis dizer ou fazer.
Tudo na vida é muito subjetivo, generalizações possuem exceções, sempre.
“Toda generalização é falsa, inclusive esta”
(Filósofo Huberto Rodhen). 
E uma coisa importantíssima que temos que aprender é que escutar nem sempre significa aceitar o que se está sendo dito e que o silêncio nunca significou “sim” ou “não”, silêncio é silêncio.
Existe uma grande diferença entre “Entender” e “Compreender”. Entender se faz ao escutar, mas compreender é mais que isso, é aceitar ou se colocar no lugar do outro por já ter passado pelo mesmo ou se imaginar como.
Uma pessoa não pode ser julgada por causa de um silêncio, pois uma pessoa só pode responder pelo que faz e pelo que diz e se o que deixou de fazer ou dizer for omissão ou negligência.
Silenciar é diferente.
Silêncio não significa OMISSÃO ou NEGLIGÊNCIA. 
Omissão é quando se deixa de fazer ou falar para um determinado fim. Negligência é falta de atenção ou de cuidado.
Silêncio, não.
Às vezes, ele é mais sábio que palavras e ações, por ser um momento onde alguém reconhece humildadereflexãoponderaçãoauto-defesadomínio próprio, etc, sobre algo, alguém ou situação.
Até Constituição Federal reconhece esse direito, quando diz:
“Art. 5º, inci. LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado…”
E existem muitos provérbios e frases que exaltam o silêncio como manifestação de sabedoria:
“Bom é saber calar, até ser tempo de falar.”
“Quem não sabe calar, também não sabe falar.”
“De calar ninguém se arrepende, e de falar, sempre.”
Segundo o Apóstolo Tiago, o calar e o falar são evidências de quem a pessoa é:
“Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo”. (Tiago 1:2)
Ele diz, ainda, que devemos ter pressa somente para escutar, ponderar, refletir, compreender ou ao menos entender, para só depois manifestarmos-nos sobre uma situação:
“Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se” . (Tiago 1:19) 
E diz mais:
“Se alguém considera-se religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. Sua religião não tem valor algum”. (Tiago 1:26)
É certo, contudo, que o silenciar é realmente uma questão de grande domínio próprio, principalmente em situações adversas, em discordâncias, etc. O próprio Rei Davi, homem segundo o coração de Deus, desabafou:
“E eu disse: vigiarei a minha conduta e não pecarei em palavras; porei mordaça em minha boca enquanto os ímpios estiverem na minha presença. Enquanto me calei resignado, e me contive inutilmente, minha angústia aumentou. Meu coração ardia-me no peito, o fogo aumentava…” Salmos 39:1-3b
Davi estava em deliberação íntima neste momento, não tinham saído dele palavras, ele silenciou. E a sensação incômoda que dá quando silenciamos é o que geralmente nos faz falar, quando deveríamos calar.
E neste momento ele estava desabafando para Deus sua situação e angústia, deliberando íntimamente e confessando a Deus. Aprendamos com Davi a silenciar, quando preciso.
E, principalmente, desabafar para Deus o que sentimos, o que sofremos, o que contestamos (com temor, na presença do Pai), o que passamos, o que escondemos, o que guardamos… Silenciar e ao mesmo tempo fazer como o Rei Davi, deliberar íntimamente e confessar a Deus fará com que sejam sábias as nossas posteriores palavras, pois Deus as direcionará.

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